PESCANDO OS TERMOS: A ESTRUTURAÇÃO CONCEITUAL DA PESCA COM ISCAS ARTIFICIAIS

PAULO FALCÃO

Existem, nos cenários nacional e internacional, diversas modalidades e métodos de pesca¹. Diante esse emaranhado de possibilidades, pretendo definir, especificamente, a pesca amadora com iscas artificiais e classificar as técnicas de arremesso com carretilha. A modalidade de arremesso de iscas artificiais – denominada entre os/as pescadores/as como pincho – é caracterizada como um método ativo.

O método ativo pode ser definido como uma técnica de pesca que é feita de maneira dinâmica, o/a pescador/a procura encontrar o peixe em determinada situação-estrutura e capturá-lo a partir do manuseio de iscas artificiais, seja por meio de embarcação ou não. É uma atividade que exige técnicas específicas que dependem do desenvolvimento de capacidades físicas, da aprendizagem de determinadas habilidades motoras e é influenciada pelas condições climáticas. Tal modalidade difere-se radicalmente das técnicas englobadas no método denominado como passivo, tais como: pesca com linha-de-fundo, pesca com boia, etc., que são as tradicionais técnicas de espera.

As técnicas de arremesso podem ser classificadas como habilidades motoras especializadas, pois, de acordo com Gallahue e Ozmun² (2003) , habilidades motoras especializadas “[…] são padrões motores fundamentais maduros que foram refinados e combinados para formar habilidades esportivas específicas e habilidades motoras complexas” (p. 432). Configuram-se conceitualmente como habilidades manipulativas, compassadas internamente e externamente³  (GALLAHUE e OZMUM, 2003). Além disso, a pesca com iscas artificiais é caracterizada como uma atividade complexa que exige do/a pescador/a a análise precisa de alguns fatores inter-relacionados, como: distância do alvo almejado, técnica adequada, aplicação da força, característica da estrutura, peso da isca, direção e força do vento, regulagem do equipamento, capacidade de freio manual e o controle na trajetória da isca.

De modo semelhante às técnicas esportivas, como por exemplo, o toque e a manchete no voleibol, o chute e o drible no futebol, a pesca com iscas artificiais possui seus fundamentos técnicos (básicos e avançados). A tabela abaixo apresenta algumas técnicas de arremesso e as suas possibilidades, limitações e o grau de dificuldade:

A capacidade de executar todas as técnicas de arremesso torna-se primordial para o sucesso durante a pescaria e para a superação dos desafios encontrados pelos/as pescadores/as. Ressalto que a aquisição desses conhecimentos facilitará a ação do/a pescador/a durante a prática da pesca, uma vez que, quanto maior for o seu repertório técnico maior será a sua chance de acertar o alvo e, logo, capturar o seu precioso peixe!

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¹ – De modo conciso, a pesca no cenário nacional pode ser dividida em quatro categorias principais: (1) Pesca Indígena; (2) Pesca Artesanal-Profissional; (3) Pesca Industrial; (4) Pesca Amadora. A pesca amadora tem subcategorias, tais como: flyfishing (pesca com mosca); pesca de praia; pesca com iscas naturais e artificiais; pesca “esportiva”, etc.
² – GALLAHUE, D. L. OZMUM, J. C. Compreendendo o Desenvolvimento Motor. Bebês, Crianças, Adolescentes e Adultos. Phorte Editora. São Paulo. 2 ed. 2003.
³ – Externamente – situação de alvo em movimento, por exemplo: o lançamento de uma isca numa situação em que o peixe está em movimento, ação rápida e imprevisível, que exige do pescador rapidez e habilidade para lançar a isca.
– Internamente – situação de alvo fixo, por exemplo: o peixe parado ao lado de uma estrutura, que exige por parte do pescador exatidão e precisão na execução do movimento. Muito semelhante ao tiro ao alvo fixo, boliche, golfe e arco e flecha.

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