História

O PRIMEIRO PEIXE A GENTE NUNCA

Torna-se impossível lembrar qual foi o primeiro peixe que eu capturei. É bem provável que a minha primeira fisgada tenha sido de uma tilápia, um cará ou lambari, enfim. E isso aconteceu há muitos anos. Por outro lado, torna-se impossível esquecer o meu primeiro peixe fisgado com uma isca artificial. Além de recordar com detalhes desse dia, lembro-me com muita emoção a fala do meu pai ao ver o meu arremesso: “filho a isca vai enroscar”.

Eu tinha oito anos de idade, o equipamento utilizado era um spincast (molinete dentro de uma capa, semelhante à posição da carretilha) e uma isca da Rapala Fr5 cor S. O arremesso foi preciso, no meio de uma galhada, após três recolhidas senti um “tranco”, meu pai pensou que tivesse enroscado, quando de repente o Black Bass apresenta-se com um belo salto.

CARRETILHA NÃO, AGORA NÃO…

No início, varas de bambu, linhas de nylon, anzóis e iscas naturais foram os equipamentos utilizados nas minhas pescarias, posteriormente, varas de grafite e molinete, com a presença ainda sobre questionamentos das iscas artificiais.

O molinete foi fundamental no meu processo de aprendizagem na pesca com iscas artificiais, pois, por meio das limitações e possibilidades deste equipamento, eu pude desenvolver a capacidade de arremessar com precisão. Quem pesca com molinete sabe o que estou dizendo; o erro nem sempre tem conserto, logo, o arremesso tem que ser perfeito.

Durante muitos anos pesquei com molinetes, mas sonhava com o dia em que poderia “pinchar” com as interessantes e temidas (devido às cabeleiras) carretilhas, porém, meu pai não deixava de jeito nenhum, a justificativa era: “faz cabeleira, o molinete é importante para aprender”.

Foram cinco anos pescando com molinetes e, neste tempo, assistia ao programa - Pesca&companhia - no qual podia ver o Nelson Nakamura e o Rubinho exibindo belos arremessos. Além deles, os meus primos Rogério e Miro que pescavam com aquelas máquinas tão almejadas e sonhadas por mim.

A vontade era imensa, mas o sonho só foi realizado quando o meu amigo de infância Rodrigo comprou uma. Nós ficamos quase uma hora tentando compreender tal equipamento e depois de muita persistência, nós conseguimos realizar os primeiros arremessos, o sorriso era inevitável.

A partir desse dia comecei a pressionar o meu pai, pois o desejo virou uma necessidade. E foi no meu aniversário de 13 anos (1999) que eu pude segurar a minha primeira carretilha. Certamente foi o meu melhor presente. O equipamento foi comprado na loja Redepesca (centro de SP) e depois de muitas dúvidas escolhi uma Quantum Iron IR4CXL, perfil redondo, enorme e pesada, mas muito resistente e veloz (6:3:1)

OS GRANDES MESTRES DA MINHA ESCOLA DA PESCA…

Eu tive um corpo docente de peso, irei apresentá-los:

Domingos Cesar Defino (Mingão), meu querido pai. Os pescadores e apresentadores Nelson Nakamura e Rubens de Almeida Prado. O ardiloso e inteligente Black Bass, que me desafiava a cada dia. Meus primos Rogério e Miro que sempre compartilharam suas técnicas comigo.

Para além de um relato histórico, eu quero homenagear e agradecer aos mestres da minha vida na escola da pesca.

Agradeço, ao meu pai que me levou para pescar desde a mais tenra idade e me ensinou praticamente tudo.

Ao Rubens de Almeida Prado – o Rubinho – que é, ao modo de ver, o principal personagem/pescador do contexto brasileiro. Ele fazia os pescadores/as e seus familiares acordarem todas as manhãs de domingo para acompanha-lo em diversas expedições épicas.

Agradeço, ao Nelson Nakamura, o mágico dos arremessos, pois aprendi muito com ele. Sou seu fã!

Agradeço, aos meus primos que sempre me ajudaram e, além de compartilharem suas técnicas, me presenteavam com equipamentos e acessórios.

Dizem que quem pesca o Black Bass consegue pescar qualquer peixe. Tal frase remete a dificuldade de fisgá-lo. E foi na represa Paiva Castro que eu pude enfrentá-lo durante 12 anos seguidos da minha vida.

É com imenso carinho que agradeço aos meus mestres. Vocês fazem parte desta história!

Obrigado!